quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

SÃO PAULO - A CRESCENTE DESORDEM

São Paulo, 7 de janeiro, as buzinas dos carros na rua me acordam.

Levanto-me para tomar café e vejo pela televisão (já ligada) que São Paulo tem mais de 80 km de congestionamento, paro e penso: Sorte minha não ter que ir para o trabalho nesse horário.

Olho para o céu e as nuvens carregadas mostram-me que mais um dia de muita chuva esta por vir... devo preparar meu bote pra sair de casa?

Para aqueles que não estão acostumados, assim é uma cidade em que a desordem impera. Uma cidade em que tudo cresce de forma desorganizada e assimétrica.

Desde o começo, São Paulo cresce de forma absurda, descontrolada e desenfreada, esse cenário se deve a falta de planejamento por parte dos governantes e falta de controle na fiscalização de novas obras na expansão da cidade.

São Paulo que sempre foi conhecida pela "cidade de pedra", ou "cidade cinza", hoje parece mais uma “cidade de madeira”, tamanho é o numero de ocupações ilegais e a criação de novas favelas.

Como pode, junto à criação de um dos bairros mais ricos e poderosos de toda a cidade (Morumbi), criar-se também uma favela limítrofe a tal. Riqueza e violência caminhando lado a lado, em um lado da rua, um carro esporte de ultima geração, e na faixa de pedestre, esperando o sinal fechar, uma criança carente pedindo dinheiro para o sustento. O numero de assaltos e seqüestros é alto nesta região, imagina-se o porque.

Como pode, na avenida mais conhecida do Brasil (avenida Paulista), uma pessoa a pé, caminhar por toda sua extensão mais rápido do que outro colega que esta no ônibus percorrendo mesmo trajeto?!

O transito em São Paulo é tanto, que ultrapassamos a marca de 1 carro por pessoa e em breve São Paulo irá travar segundo os estudiosos. Nenhum carro conseguirá sair do lugar.

As ruas são pequenas, mal projetadas, com inúmeros buracos, e quem sofre com isso? O motorista do carro que passa horas ( e eu digo horas MESMO) dentro de um carro, sentado, esperando a oportunidade de chegar em casa ou no emprego, para poder levantar e fazer algo.

Mais incrível ainda tem acontecido ultimamente, com as chuvas intensas de verão, que a cada ano passa a ser mais forte e mais duradoura, a cidade passou a submergir diante de tanta água. A Brigadeiro Luiz Antonio e a Ministro Rocha de Azevedo passaram a ser cachoeiras, é possível até desce-las de caiaque! (não tentem isso em casa).

Os terminais de ônibus e metrô são interditados no centro, com água na altura da cintura, as pessoas passam pelo aguacero e levam consigo a esperança de chegar em casa. O cenário é caótico, as pessoas param e sem sair do lugar observam a água subir cada vez mais. Tudo lotado, muita gente cansada depois de um dia todo de trabalho e apenas alguns se atrevem a passar pelo meio do pântano de esgoto que permanece durante horas localizado nas saídas dos terminais.

Para quem anda na rua (esquecendo dos lugares em que é preciso nadar para se locomover), é possível observar os sacos de lixo que estavam esperando pelo caminhão de limpeza flutuando e sendo levados pela correnteza que a água forma.

Ai chegamos na parte noturna. Alem de todo o transito, estresse do dia-a-dia, chegamos em casa, sentamos na poltrona, assistimos um pouco de televisão e vamos para cama dormir por que no dia seguinte temos trabalho certo? ERRADO.

Baladas, bares, a vida não para, super agitada, São Paulo vive da noite.

Restaurantes 24 horas, supermercados 24 horas, bares, baladas, de segunda a domingo, todos os dias o povo paulistano aproveita a noitada para se divertir, beber e conversar em voz alta. Aproveitam o tempo (que não tem durante o dia) à noite, tiram pequenos rachas, e as ruas de São Paulo, que deveriam estar quietas, calmas e pacificas, passam a ser perigosas (com carros dirigindo de forma imprudente), agitadas e barulhentas.

Lá se vai à noite de sono bem dormida, e com ela, a chance de se acalmar e dormir de forma confortável.

Lá pelas 3 da manhã, a cidade se acalma, os carros param de passar, as pessoas param de gritar (a maioria já foi para casa), e um elemento surpresa porém não menos barulhento aparece: O CAMINHÃO DE LIXO!

Aquele que não passa durante o dia, passa durante a noite, na “calada” da noite. E lá vem os homens laranjas, passando e levantando tudo pela frente, jogando tudo dentro do caminhão. De forma rápida e as vezes até estabanada, Os laranjinhas passam jogando todo o lixo dentro do caminhão, e como se fosse baixo o barulho do caminhão ligado e parado, ainda temos o barulho dos entulhos batendo nas caçambas, de vidro quebrando e madeiras torcendo no fundo do caminhão.

E assim dorme o Paulistano, pronto para o próximo dia de trabalho. Sempre alerta, estressado e pronto para trabalhar 24 horas por dia, como tudo na cidade.


e Na proxima semana preparem-se - São Paulo, Viver ou não viver



Escrito por Filipe Toledo

Um comentário:

  1. Filipe,

    Fico feliz de saber que você esta com um blog e mais ainda depois que o li o conteúdo. Isso é um eterno aprendizado, nos força a pensar, melhorar a escrita, nos faz interagir com pessoas que nem conhecemos, e te digo, da trabalho! Você vai querer desistir, mas acredite, o resultado é maravilhoso.

    Recentemente li um livro de um cara, Gary Vaynerchuk, um americano refugiado da Bielorussia, que assumiu o negocio do pai de 4milhões de doláres e transformou em 50 milhões de doláres, em 5 anos.

    Tudo isso graças ao Blog com vídeo, twitter e facebook. Te dou a maior força a continuar e recomendo a leitura do livro, Crush It.

    Um grande abraço, do seu primo,

    Marcelo Toledo

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